3 de novembro de 2008

Rastro de um conto.

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O apartamento era mais do que um apartamento, era um monumento á boa vida e ao sucesso. O proprietário da cobertura era Torres, um homem de prestigio, bem apessoado, esperto e articulado. Um touro entre bezerros; um touro arrogante, egocêntrico e misógino. A vista era imensa, dava pra observar quase toda a cidade, o apartamento tomava os três últimos andares do prédio, um dos mais desejados naquele bairro.Acabara de comprar o imóvel, e de cara recebera uma carta, eram fotos, fotos que pareciam de um assassinado que acontecera no mesmo apartamento. A sensação de que tem alguém querendo lhe assustar o faz ligar a sua secretária a qual informa não ter mandado nenhuma correspondência para residência do chefe, chefe pelo qual tinha grande admiração, talvez, até bem mais que admiração.Torres é um agente literário, carreira em ascensão. No dia a dia recebe muitos livros, de todos os gêneros, os quais são separados por sua secretária, escolhe os melhores e assim serão publicados. A secretária era Manuela, aparentemente nada de excepcional para chamar atenção naquela moça magra, que sempre se vestia discretamente. A maquiagem muito leve, ressaltava seus olhos e suavemente o contorno dos lábios finos.O interfone toca, é um detetive que esta acompanhado de um homem que se diz antigo dono do apartamento, o detetive entra e conversa com Torres, informa que ele deve ter cuidado e entrega o seu cartão de contado. Torres interroga com curiosidade sobre o porquê do cuidado, e pergunta se no apartamento já houve algum crime. O detetive informa que não, não ocorrera nenhum crime naquele endereço, pelo menos não se encontrava em arquivos, algo que tenha ali ocorrido.Na festa para comemorar a nova casa, Torres recebe amigos. Manuela chega com um presente e um conto que ela mesma escreverá para que o agente leia e diga o que achou; Torres sorri e diz que não vai ter tempo de ler, tem muitos livros pra conferir e que já bastava os que chegavam a toda hora sem cessar.Duas semanas depois chega uma nova correspondência, mesmo envelope amarelo, lacrado e sem nenhuma identificação. Torres rasga o envelope na ânsia de descobrir o seu conteúdo, será mais uma pista?
Ele entra em pânico, é uma ...

11 de outubro de 2008

Em Casa



Ele descia as escadas quando de súbito lhe veio a cabeça: Esquecimento inadequado de objeto essencial. Voltou-se às pressas ao local que acabara de deixar. Adentrando de maneira apressada o recinto principal, se é que se pode assim chamar uma quitinete 30mx40m, com idade superior a 60 anos, cujos habitantes anteriores tratavam-se de: 1 traficante de drogas, que o utilizava como sala de tortura de seus clientes mais “assíduos”; uma “feiticeira” que o utilizava como sala de oferendas, em sua maioria cabeças de porcos com sangue ainda fresco; e por último, logo antes de nosso amigo esquecido, ali viveu uma senhora de 50 anos, ou melhor esta teve apenas um dia naquela velha quitinete antes de sofrer um estranho acidente, tropeçando em seu animal de estimação, um gato, dentro do banheiro e atingindo com a cabeça a borda da banheira, fraturando duas de suas vértebras cervicais indo quase que instantaneamente ao falecimento. Ainda assim, para o afortunado atual habitante do recinto, este último era para ele “sua casa”.
Tocou a maçaneta velha e enferrujada, torceu-a e juntamente com o abrir da porta veio o rangido das não lubrificadas dobradiças. Ele olhou por alguns instantes, contemplando seu atual estado, um pequeno quarto com chão de taco, este já sofria pela ação de décadas de cupins. Uma pequena escrivaninha abaixo da luz da única janela do quarto, compunha a sala quarto, juntamente com o colchão velho, trazido pelo atual habitante, no canto oposto a esta próximo a porta de entrada. Completando o cenário, havia do lado direito da porta de entrada uma cozinha, composta apenas por uma pia, entupida de panelas sujas, e uma geladeira dos anos 70, juntamente com a velha mala negra manchada de branco no chão da sala, aberta, com várias peças de roupas, estas também encontravam-se por todo o chão da sala. Então ele sentou-se e continuou a contemplar o local pensando em como esta assemelhava-se ao que havia em sua cabeça. Seu nome é Henrique, nome de príncipe como costumava dizer a mãe. Sempre foi muito mimado até os dez anos, a partir desta data ele apenas conhecia o frio da solidão a qual preferia não recordar. Sempre conversador quando criança esta agora atinha-se aos bons modos e aos monossílabos, mas para ele não havia importância alguma em resgatar costumes passados, o que realmente importava era o presente. A sua paixão por arte ainda permanecia, já a fome e o desespero eram completamente novos para ele. Toca a campainha, e com o novo ranger das dobradiças revelou-se uma nova figura, feminina, de pele clara, olhos e cabelos negros como o coração do moço apresentado anteriormente.
-Pronto?
Sem resposta, bastou abanar a cabeça em sinal de afirmação. Assim os dois deixaram o local rapidamente em direção aos seus destinos.

(...)

24 de setembro de 2008

Minuto Passado.

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Na multidão surgem vidas, tão diferentes, tão originais.
O que pensam? O que querem? O que viveram?
Decifrando os mistérios de encontros e desencontros, a estória começa como uma linha e termina no novelo, emaranhado, entrelaçado. Unidos com suas individualidades, eles buscam o que lhes reserva seu futuro e não olham mais o minuto passado.
Vidas isoladas que se cruzam e se definem a cada instante, em cada conflito e encontro.

Histórias diferentes unidas pelo passado e interligadas no futuro.
Cada minuto vivido é passado, que marca diretamente o presente e determina o futuro.

Acompanhe essa linha, cada minuto passado.