11 de outubro de 2008

Em Casa



Ele descia as escadas quando de súbito lhe veio a cabeça: Esquecimento inadequado de objeto essencial. Voltou-se às pressas ao local que acabara de deixar. Adentrando de maneira apressada o recinto principal, se é que se pode assim chamar uma quitinete 30mx40m, com idade superior a 60 anos, cujos habitantes anteriores tratavam-se de: 1 traficante de drogas, que o utilizava como sala de tortura de seus clientes mais “assíduos”; uma “feiticeira” que o utilizava como sala de oferendas, em sua maioria cabeças de porcos com sangue ainda fresco; e por último, logo antes de nosso amigo esquecido, ali viveu uma senhora de 50 anos, ou melhor esta teve apenas um dia naquela velha quitinete antes de sofrer um estranho acidente, tropeçando em seu animal de estimação, um gato, dentro do banheiro e atingindo com a cabeça a borda da banheira, fraturando duas de suas vértebras cervicais indo quase que instantaneamente ao falecimento. Ainda assim, para o afortunado atual habitante do recinto, este último era para ele “sua casa”.
Tocou a maçaneta velha e enferrujada, torceu-a e juntamente com o abrir da porta veio o rangido das não lubrificadas dobradiças. Ele olhou por alguns instantes, contemplando seu atual estado, um pequeno quarto com chão de taco, este já sofria pela ação de décadas de cupins. Uma pequena escrivaninha abaixo da luz da única janela do quarto, compunha a sala quarto, juntamente com o colchão velho, trazido pelo atual habitante, no canto oposto a esta próximo a porta de entrada. Completando o cenário, havia do lado direito da porta de entrada uma cozinha, composta apenas por uma pia, entupida de panelas sujas, e uma geladeira dos anos 70, juntamente com a velha mala negra manchada de branco no chão da sala, aberta, com várias peças de roupas, estas também encontravam-se por todo o chão da sala. Então ele sentou-se e continuou a contemplar o local pensando em como esta assemelhava-se ao que havia em sua cabeça. Seu nome é Henrique, nome de príncipe como costumava dizer a mãe. Sempre foi muito mimado até os dez anos, a partir desta data ele apenas conhecia o frio da solidão a qual preferia não recordar. Sempre conversador quando criança esta agora atinha-se aos bons modos e aos monossílabos, mas para ele não havia importância alguma em resgatar costumes passados, o que realmente importava era o presente. A sua paixão por arte ainda permanecia, já a fome e o desespero eram completamente novos para ele. Toca a campainha, e com o novo ranger das dobradiças revelou-se uma nova figura, feminina, de pele clara, olhos e cabelos negros como o coração do moço apresentado anteriormente.
-Pronto?
Sem resposta, bastou abanar a cabeça em sinal de afirmação. Assim os dois deixaram o local rapidamente em direção aos seus destinos.

(...)

4 comentários:

BT Audiovisual disse...

O minuto passado é fotografia.
ass. talyta e bigly

Cynthia Osório disse...

Fiquei curiosa...
Gostei muito das descrições!

Anônimo disse...

Qual será esse desnito.
Descrição muito bem feita,
do local e personagens.

Suspense produzido e dado resultado.


Abraço.

Vivianne Soares disse...

olá! através de um comentário do thyago no meu blog, encontrei o minuto passado. super gostei! vou acompanhar!

posso linkar vcs?
;)